Estima-se que o intestino de um adulto médio seja habitado por cerca de 100 mil milhões de microrganismos, sendo que as bactérias são os seus principais inquilinos. E estas têm uma influência importante no apetite, metabolismo e peso.
A microbiota intestinal refere-se à população de microorganismos que habita todo o trato gastrointestinal e que pode ser benéfica ou nociva para o nosso organismo. Estes microorganismos podem ser: bactérias, fungos, vírus e protozoários.
As funções da microbiota intestinal, entre outras, passam por a monitorização e controlo do equilíbrio metabólico e dos gastos energéticos. Além disso, consegue manter a integridade da mucosa e controlar a proliferação de bactérias patogénicas.
Quando a microbiota intestinal está desequilibrada chama-se disbiose e isto impede que o intestino regule o apetite, a saciedade e o armazenamento de energia.
Vários estudos demonstram que existe uma relação entre a quantidade de determinadas bactérias, denominadas enterobactérias, e o índice de massa corporal (IMC) – um cálculo usado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que serve para avaliar se a pessoa está dentro do seu peso ideal em relação à altura. De realçar que quanto maior é o numero de enterobactérias no intestino, menor é o IMC.
Microbiota influencia metabolismo
Estudos demonstraram que a microbiota intestinal regula o apetite e o mecanismo de recompensa associado à ingestão de comida, o que tem um papel crucial na prevenção do excesso de peso. Ao influenciarem o metabolismo, determinadas bactérias podem potenciar a tendência para se apresentar um peso excessivo ou, pelo contrário, conforme a estirpe em causa, prevenir este fator de risco.
A constituição da microbiota é de tal forma importante que a sua composição até aos dois anos de idade está relacionada com o aumento do risco de doenças relacionadas com o peso na idade adulta, como obesidade e diabetes.
Segundo um estudo da Sociedade Portuguesa de Ciências da Nutrição e Alimentação realizado na população adulta (18-93 anos) concluiu que 38,2% das mulheres e 64,5% dos homens têm pré-obesidade e obesidade. A obesidade é considerada uma doença crónica e de origem multifatorial. Os estilos de vida, como por exemplo, a alimentação desequilibrada e a inatividade física, são fatores que podem influenciar a prevalência desta doença.
A prevalência de obesidade está associada à redução de anos de vida saudável e aumenta o risco de várias patologias, como as doenças cardiovasculares, musculoesqueléticas, neurodegenerativas, diabetes e alguns tipos de cancro.
Há um aliado na perda de peso
Entre todas as bactérias presentes no intestino, as enterobactérias são um grupo de microrganismos intestinais que podem ter um papel preponderante na prevenção e tratamento do excesso de peso e da obesidade.
As enterobactérias produzem uma proteína, a chamada ClpB, que atua no controlo do apetite, suprimindo a fome e, em simultâneo, gerando uma saciedade precoce, ajudando a controlar a ingestão de comida e, consequentemente, o peso.
Estas bactérias são capazes de comunicar com os neurónios responsáveis pela sensação de saciedade, ao nível do hipotálamo, além do efeito no tecido adiposo facilitando a lipólise, processo pelo qual há a degradação de lípidos em ácidos gordos e glicerol.
Estirpes específicas de probióticos, como a Hafnia alvei HA4597, demonstraram em estudos clínicos que têm efeito no controlo do apetite.
Fonte: https://lifestyle.sapo.pt/